Relato - Décima etapa - Valência - 27/11/2015

Os heróis da resistência

E o campeonato chegou ao fim, de maneira um pouco bucólica e esvasiada a princípio, mas com muita emoção e drama na hora que os carros foram pra pista. Na última sexta-feira o campeonato de Formula D da Curitiba Lúdica desembarcou na pista de rua de Valência, na Espanha, e apenas 3 pilotos compareceram, Osmar Neto, “Juan Pablo” Trentini e Fabiano “Alboreto”. O outros pilotos estavam ou em lua de mel, ou cumprindo compromissos profissionais ou apenas com preguiça mesmo. O fato é que mesmo com o grid tão vazio não faltou emoção até o último momento, vamos aos detalhes.

As lebres e a tartaruga

Osmar não pode ser chamado de um piloto lento, na verdade, em vários momentos ele executa manobras velozes, arriscadas e audaciosas. Nessa corrida mesmo ele entrou forte até demais em várias curvas, mas teve habilidade e sangue frio suficientes para manter o carro na pista. Mas hoje, a velha história da lebre e da tartaruga vem bem a calhar para o piloto da Spyro Gyro’s. Osmar, a tartaruga, até seguiu as lebres, Alboreto e Juan Pablo, de perto na primeira volta, mas na segunda ele não conseguiu acompanhar o forte ritmo dos outros 2 na chuva e perdeu rendimento, ficando pra trás. Nesse momento, em que a chuva apertava, ele avisa sua equipe que voltaria para o plano A, ou seja, sua estratégia natural de espera, de resiliência e de chegar ao final. E a mudança se provou totalmente acertada. De uma distância segura Osmar viu “Juan Pablo” tirar “Alboreto” da corrida na segunda volta. Com uma lebre já vencida, Osmar seguiu acompanhando a que restava de uma distância segura. No final da terceira volta, quando a estratégia parecia mais uma vez falhar, Osmar se viu recompensado na última curva. A lebre Trentini teve problemas na última curva e a tartaruga a ultrapassou nos metros finais para garantir a sua primeira vitória na categoria. Osmar comemorou muito e esbanjou sabedoria e felicidade na entrevista coletiva: “É muita alegria vencer nessas condições tão difíceis, de muita chuva e muita sujeira na pista. Finalmente minha estratégia de direção defensiva se mostrou adequada. Agora espero tratamento de primeiro piloto no ano que vem para lutar pelo título!”

O merecido lugar mais alto do pódio de Osmar Neto

A triste sina do Professor

Fabiano “Alboreto” chegou à corrida ainda lutando pelo segundo lugar no campeonato e, com apenas 3 pilotos na corrida, as combinações para que isso acontecesse estavam ao seu lado. bastava um segundo lugar para garantir o vice, e até o terceiro se Osmar vencesse. Fabiano alinhou em segundo e largou muito bem, saltando à frente dos concorrentes e evitando conflitos na primeira curva. Numa prova com chuva e pista molhada isso poderia fazer a diferença, mas a pista travada de Valência fez com que nenhuma vantagem pudesse ser mantida, muito pelo contrário. Logo os seus adversário já o alcançaram e entraram na disputa, tocando rodas literalmente e, com isso, comprometendo o delicado ajuste da Minardi número 2. Apesar do confronto intenso com os seus adversários, Alboreto conseguiu chegar ao fim da primeira volta com o seu equipamento em bom estado e não parou nos boxes. No entanto, a segunda volta apresentou um destino cruel para Alboreto. Enquanto liderava Alboreto levou dois toques que o tiraram da corrida, o primeiro de Osmar e o fatal de “Juan Pablo”. E assim, com mais uma quebra, a quarta em 10 corridas, Fabiano terminava o seu campeonato. Ele falou sobre o seu ano ao final da corrida: “Estou feliz com o resultado, mas não com a corrida. Mais uma vez o carro quebrou. Tá certo que dessa vez foi jogo sujo do meu adversário que me tirou da corrida, mas eu acredito em carma. Depois de bater em mim uma nuvem negra de carma seguiu o Juan Pablo até o final da corrida trazendo justiça ao resultado…”

Sujeira deixada pelo carro de Alboreto na batida fatal

O “arrojo” e a decepção

“Juan Pablo” precisava vencer e torcer para Fabiano “Alboreto” chegar no máximo em terceiro para ser o vice campeão mundial, simples assim. E para garantir que as coisas fossem do jeito que ele queria tratou logo de garantir a pole, com pista seca. Mas na corrida a incerteza da chuva veio para complicar as coisas. “Juan Pablo” largou bem e se manteve o tempo todo na disputa com o veterano da Minardi, as vezes até jogando duro de mais, mas ainda fazendo tudo dentro do que as regras permitiam. Na segunda volta veio a alegria, uma disputa dura de curva que tirou seu rival da corrida. Com o idoso adversário vencido, Trentini tratou de acelerar a sua Eclipse e assim começou seu show na chuva. As curvas se tornavam extensões de reta, e as retas viravam pistas de decolagens. “Juan Pablo” voava na chuva de Valência! Sua vantagem para Osmar Neto era grande e confortável, mais de uma reta de segurança, mas bastou um pequeno descuido e um pouco mais de empolgação para a alegria se transformar em tristeza. Na última curva, da última volta, Trentini rodou sozinho e bateu. O público que já festejava e o esperava de pé para saudá-lo emudeceu. Um silêncio sepucral caiu sobre todo o autódromo quando o grande ídolo deixou escapar a vitória certa na última curva. Osmar, que não tinha nada a ver com isso, passou e venceu a corrida de “Juan Pablo”. Ao final da prova o preferido do público explicou o que aconteceu: “Eu realmente esperava que contornaria a curva. Na primeira volta eu fiz ela em terceira marcha, na seguinte consegui em quarta e tinha certeza que na volta final poderia fazer em quinta. Infelizmente não deu, foi demais. Mas achei a manobra correta, precisava arriscar ali para oferecer ao meu público um final inesquecível!”

Juan Pablo e sua vantagem, sozinhos na foto

Encerramento

A temporada acabou com felicidade geral para a Minardi, que fez primeiro e segundo (Rafael e Fabiano) no campeonato de pilotos e foi campeã de construtores. A classificação terminou da seguinte forma: Rafael “Bianchi” 143, Fabiano “Alboreto” 126, “Juan Pablo” Trentini 122, André Modt 102, Leonardo Oliveira 90, Osmar Neto 84, Marcos Khun 67, Gabriel Lodi 54, Rafael Lodi 47, Pedro Miranda 41 e Leonardo Miranda 10.
E nos construtores: Minardi Cosworth 287, Eclipse Racing 201, No “T”, No Shade 192, Spyro Gyro’s 138e Mirandas 98.
Fiquem ligados para mais informações de bastidores e sobre a temporada do ano que vem.

O triste grid de largada: “Juan Pablo” Trentini, Fabiano “Alboreto” Pedroso e Osmar Neto.

Usualmente dou parabéns ao piloto vencedor, mas nesse caso, por favor, né?

Qual é a média de pontos dos pilotos por corridas participadas?

Abs,

tiagovip escreveu:Usualmente dou parabéns ao piloto vencedor, mas nesse caso, por favor, né?

Qual é a média de pontos dos pilotos por corridas participadas?

Abs,

Vamos ver, ignorarei os descartes:

Rafael M - 16,11
André - 14,57
Fabiano - 14,20
Alexandre - 13,40
Pedro - 13,36
Léo O - 12,85
Osmar - 12
Léo M - 10
Marcos - 9,57
Gabriel - 9
Rafael L - 7,83

Caramba, achei que sua situação ia melhorar, mas essa lata velha que você usou quebrou demais.

Abs,

Olha, foi uma corrida bem divertida, e graças a chuva. Veja em momento algum eu fiquei mais de uma reta de distância do Osmar, mesmo porque na curva anterior eu saí de trás dele para ultrapassá-lo, entretanto concordo que uma marcha a menos naquele momento era menos arriscado, mas calhava de eu não conseguir entrar na curva com uma rolagem baixa e nessa corrida em específico as rolagens baixas estavam me acompanhando fielmente. Eu não lembro agora como estava o carro do Osmar para a saída dessa curva, se ele ia sair em quarta ou quinta, e sim, acho que cometi um grave erro em jogar uma quinta marcha e tirar um 20, mas um 19 ainda me deixaria na corrida. Foi uma situação infeliz, mas de todo modo, para o ano que vem irei melhorar ainda mais e me aperfeiçoar na arte. Foi um ótimo campeonato e tive o prazer de participar de todas as corridas junto com o Fabiano, mesmo que essa última tenha sido ameaçada de eu não poder jogar, tudo deu certo no final e lá estava eu. Nos vemos ano que vem, meus torcedores! Um grande abraço de Juan Pablo Trentini.

tiagovip escreveu:Caramba, achei que sua situação ia melhorar, mas essa lata velha que você usou quebrou demais.

Abs,

Foram quatro quebras, é muita coisa. Quebrei de todas as maneiras possíveis: suspensão na Bélgica, pneus/freios na Russia, motor na França e agora batida na Espanha. A mais doída foi o motor na França, pois ali eu estava na frente do Rafael e poderia continuar na briga do campeonato. A mais tosca das quebras foi na Russia onde perdi por que queria perder, como diz um amigo nosso.

Enfim, pro ano que vem com a nova regra de rerolagem acho que essas quebras vão acabar.