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Diamonds - resenha

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Mensagem por tiagovip Sex Dez 06, 2019 4:40 pm

Diamonds - resenha Pic1986481



Como joga?

O funcionamento do Diamonds é parecido com o do Copas, só que cada naipe tem uma função que é ativada pela pessoa que ganhou o truque (jogou a carta mais alta do naipe inicial da mão) e também por todos aqueles que jogaram cartas que não eram do naipe da mão (como no Copas, só é permitido jogar carta de outro naipe, se a pessoa não tiver cartas do naipe inicial). O objetivo no jogo é acumular a maior quantidade de diamantes, pois estes valem pontos ao final da partida - 1 ponto se estiver no showroom, e 2 pontos se estiver no cofre. Os usos dos naipes são:

Ouros: pega 1 diamante do banco e coloca em seu cofre;
Copas: pega 1 diamante do banco e coloca em seu showroom;
Espadas: pega 1 diamante de seu showroom e coloca em seu cofre;
Paus: pega 1 diamante do showroom de outro jogador e coloca em seu showroom.

Sempre que um naipe que não é aquele iniciado no truque, a ativação ocorre imediatamente. Todos começam com 3 diamantes em seu showroom (assim, desde a 1a mão já há uso para as cartas de Espadas e Paus).

Após a distribuição das cartas (10 para cada), quem distribuiu as cartas decide se serão passadas 1, 2 ou 3 cartas ao jogador da esquerda. Após isso, a pessoa a esquerda de quem deu cartas inicia o primeiro truque, jogando uma carta de sua mão.

O jogo dura por um número de rodadas igual ao de jogadores. Cada rodada é composta de 10 truques (mãos). Ao final de cada rodada, que vê-se quem ganhou mais truques de cada naipe, e tais jogadores ativarão a habilidade do naipe mais uma vez. Se houver empate no número de truques vencidos entre 2 ou mais jogadores, o naipe não é ativado. Todos os jogadores que não ganharam truques, recebem 2 ativações de Ouros (ou seja, ganham 2 diamantes para o cofre). As ações são ativadas na ordem dos naipes (primeiro ativam as cartas de Ouros e por último as de Paus). Ao fim de todas as rodadas, quem tiver mais pontos, somando os pontos obtidos por diamantes no cofre (2 pontos cada) e no showroom (1 ponto cada), será o vencedor.


O que eu gostei?

Eu gosto de jogos de cartas, mesmo os tradicionais (Copas, Truco, Canastra, etc). Normalmente são fáceis de explicar e de jogar, mas com opções suficientes para serem interessantes, mesmo após várias partidas. O Diamonds não foge disso - seu "complicador" é que cada naipe tem um uso diferente, o que normalmente não ocorre nos jogos de cartas tradicionais, onde os naipes só servem como diferenciação/limitação. No entanto, coloquei entre aspas o termo complicador, porque, afinal, as 4 ações são bem simples (contudo, aviso que, na partida que joguei, havia jogadores experientes, conhecedores de dezenas e dezenas de jogos complexos, fazendo as ações erradas lá pela 4a rodada, ou seja, passadas mais de 30 truques ativando constantemente aquelas 4 ações - deve ser algum tipo de bloqueio: por ser simples, as pessoas nem dão atenção e colocando o nível de atenção no mesmo patamar da atenção requerida para continuar respirando).

Os componentes são bons: os diamantes são bonitos, as cartas de bom material e diferenciadas o suficiente (cada naipe, além do símbolo do naipe, tem desenho interno e cores diferentes entre si) para que não ocorresse de usarmos sem querer cartas de naipes errados. A caixa é pequena, contudo mais do que suficiente para acomodar as cartas com sleeves, o que eu acho ótimo.

A coisa mais legal do Diamonds é que o principal do jogo ocorre nas mãos que você não está diretamente envolvido (alguém abre a mão com Espadas e você não tem Espadas, por exemplo). É aqui que o jogo brilha, pois todos os participantes estão, normalmente, envolvidos em todas as mãos de forma importante.


O que eu não gostei?

Não são muitos os jogadores que gostam do partidas que envolvam "ataque o líder", pois é comum pensar-se em, eventualmente, sendo esse tal líder atacado. É a meritocracia nos tabuleiros. Agora, não há efetivamente como evitar isso em vários jogos - é necessário, num El Grande dar algum foco contra a pessoa mais adiante em pontos; atacar a gangue de quem tem mais pessoas vivas, no Family Business; inflar o preço de um leilão, para quem tem mais dinheiro pagar mais caro, no Medici; ou simplesmente barrar uma carta de Ciência, no 7 Wonders. Jogos interativos, com maior ou menor incidência, incorrerão em eventuais "ataques" - os menos interativos daí incluem algum tipo de "freio" para quem esta na frente, algum dificultador para manter-se em tal posição de liderança, ou, de outra forma, recai-se em outro problema: o do líder disparado, sem chance de ser alcançado. É um equilíbrio fino e complicado de ser alcançado no desenho dos novos jogos de tabuleiro.

Todo esse preâmbulo é para contextualizar algo: que no Diamonds, a ação do naipe de Paus é feita para atacar o líder. Isso, em si, não é um problema. É uma ferramenta do desenho do jogo para conter a disparada do líder - uma forma de barrar um tanto a influência da sorte - como o jogador sair com metade ou mais da mão de 10 cartas sendo de Ouros. Ouros é o naipe mais forte, sem erro, e quanto mais dessas ações alguém ativar, melhor será para si. Ademais, é um cálculo simples: quanto mais de Ouros você tiver, menos os outros terão. Enfim, meu problema não é com isso, até porque o ataque ao líder é limitado ao showroom. Não, meu problema, mesmo, é com o ataque ao líder aparente.

Como, no Diamonds, há pontos abertos (showroom) e escondidos (cofre), sem um certo nível de atenção, é mais do que possível, é provável, que ocorrerão momentos do tipo "eu acho que ele está ganhando". Pode-se estar certo, como errado. É precisamente o que incomoda muitos jogadores no Small World - alguém faz uma bela pontuação na primeira e na segunda rodada, daí apanha que nem cachorro vadio, porque "está ganhando!" e termina em penúltimo no jogo com 5 pessoas. O Diamonds até reforça tal atitude, pois ele dá aos jogadores a falsa percepção de "riqueza", com os diamantes expostos no showroom. É algo quase natural, pois imagine a situação assim: você ativa sua carta de naipe de Paus e a situação dos showrooms é:

- Você: 2 diamantes no showroom
- Jogador 2: 6 diamantes no showroom
- Jogador 3: 9 diamantes no showroom
- Jogador 4: 1 diamante no showroom
- Jogador 5: 4 diamantes no showroom

Claro que, na partida, você teria mais informações do que o exposto acima, no entanto, o pendor natural é pegar diamantes do jogador 2 ou do 3, né? Todavia, ao considerar as ações possíveis no jogo, a lógica é mais próxima de ser a inversa: quanto menos diamantes a pessoa possuir no showroom, possivelmente mais ela tenha no cofre. Isso não é um cálculo exato, veja bem, mas, sim, uma aproximação. Pois sendo a distribuição das cartas verdadeiramente aleatória, somente em um total de mãos beirando o infinito é que haverá uma distribuição perfeita dos naipes. De outra forma, como em qualquer jogo de cartas com distribuição aleatória, uns terão mais cartas de um tipo do que outros.

Diamonds - resenha Pic2245355
Portanto, se eu tive mais Ouros, eu terei menos diamantes no showroom de quem teve mais Copas. É importante adicionar que, receber mais cartas não é necessariamente melhor do que receber menos, pois o que mais conta no Diamonds não é a quantidade de cartas de cada tipo, e sim o número de vezes que consegue-se ativar as ações dos naipes. Ou seja, é pior ter 3 Ouros, mesmo sendo o melhor naipe, se forem medianos e o naipe de Ouros for puxado por outros, com cartas mais altas levando as mãos. Isso fará com que eu tenha perdido 3 mãos, sem ativação. Enquanto, nessas mesmas mãos de Ouros, se eu não tivesse Ouros, poderia ativar outros naipes.

De qualquer forma, o perigo do ataque ao líder aparente é o meu problema com o jogo, ainda que, o mesmo venha a ocorrer em mesas com pessoas mais desatentas e facilmente enganadas por objetos brilhantes.

Há um outro incomodo: somente em 6 usam-se todas as cartas. Isso faz com que contar cartas perca o sentido, se ficam de fora 10, 20, 30 cartas. Não é como prever, só estimar bem de leve. Talvez seja esse mesmo o objetivo do designer, de forma a tornar o Diamonds uma opção mais razoável para quem não consegue, ou não quer, contar cartas, para aqueles que não gostam do elemento de memória aplicado aos jogos. Eu entendo. Todavia, para quem quiser maior controle, a opção também é fácil: distribua todas as cartas. Como o jogo vem com 60 cartas (4 naipes de 15 cartas), jogando em 3, 4, 5 e 6 permite a distribuição total das cartas, só que, em 3 e 4, a mão de cartas será enorme (20 e 15 cartas, respectivamente). E, claro, aumentando a mão de cartas, aumentar-se-á, em conjunto, a duração da partida.

Por sinal, o tempo da partida que joguei, em 5, foi de 50 minutos. Longe do ideal (na caixa diz de 20 a 30 minutos). Porém, aqui, não reclamo, pois um naco razoável da duração elevada recai mais em nós do que no jogo (como comentei acima, na 4a rodada ainda haviam pessoas errando as ações). Porém, duvido totalmente que uma partida em 6, tendo 6 rodadas, resolva-se em 30 minutos, não importa quão atentos e rápidos para jogar as pessoas sejam (uma vez que, além de jogar, será preciso ativar ações, depois, ao final da rodada, reembaralhar e distribuir). Acredito que a duração deveria estar indicada por jogador: de 8-10 minutos por jogador. Não vá pensando em jogar em 5 ou 6 e ter uma partida completa encerrada em 25 minutos.


Análise final:

Complicado. O Diamonds age naquela veia de jogos que eu gosto, mas a partida em si não foi das melhores (os envolvidos, em sua maioria, não são fãs de jogos de cartas tradicionais, e a sorte presente na distribuição das cartas, mesmo quando considerando paliativos, como a escolha de passar 1, 2 ou 3 cartas, a mesmo que, no jogo, ativar (fugir do naipe) seja mais relevante do que disputar cada mão, acaba não agradando). Porém, bati bastante a cabeça no Copas até entender melhor as idas e vindas deste (e no Copas basicamente sempre há 3 contra o líder, independente de quem o líder seja, só que, no Copas, os pontos são abertos, então sabe-se quem é o alvo), e não é com 1 partida que irei definir o futuro do Diamonds. Contudo, estou de olho em alternativas para o ataque ao líder aparente, e eu mesmo penso em algumas possibilidades, nenhuma que irei aplicar antes de um tanto de partidas nas regras normais.

Quem sabe um dia o Diamonds não chega ao nível das milhares de partidas que tenho de Copas? Duvido muito, no entanto, nesse ambiente de jogos tabuleiros e não de cartas, ainda mais para um que não chegou arrasando.

E é isso!

Abs,


Crédito das imagens (em ordem):
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