Game of Thrones: Westeros Intrigue - primeiras impressões

Olá!

Aviso que as impressões abaixo, como dito, são as primeiras, com base em quatro partidas, todas em 4 pessoas.


O Game of Thrones: Westeros Intrigue é o cúmulo da simplicidade de regras e da total e absoluta ausência de ligação entre mecânica e tema - até eu, mais acostumado ao jeito Knizia de ser, fiquei surpreso por quão abstrato este jogo é. O esquema é o seguinte: cada jogador recebe, no começo de cada rodada, uma mão de cartas - em quatro jogadores, como foi no caso, cada um recebeu 9 cartas. O número de rodadas que o jogo dura é igual ao número de jogadores. As cartas são divididas em cores (e só a cor importa, esqueça a imagem, nome; e nem número elas têm, ou seja, o Knizia só esforçou-se 50% do usual aqui) e o jogador, em sua vez, põe uma das cartas na mesa. As cartas tem que ser colocadas em fileiras - a primeira fila pode ter um máximo de 8 cartas. Cartas pode ser adicionadas em cima de primeira fila quando houver 2 cartas embaixo, e a de cima tem que ser de cor igual a uma das duas dessas embaixo. Assim, vai-se formando uma pirâmide - 8 na base, depois 7, 6, 5... até o limite de 1 no topo, se todos conseguiram usar suas cartas. Só que, usualmente, isso não irá ocorrer, pois a limitação de somente poder colocar uma carta que seja da cor de uma das duas embaixo acabará travando um ou mais jogadores, que não terão mais espaço válido para pôr suas cartas na pirâmide. Quando isso acontece, o jogador vê quantas cartas restaram em sua mão e pega marcadores de "pontos de derrota" igual ao número de cartas. O último jogador que inserir uma carta na pirâmide, é o vencedor da rodada e pega uma carta de vitória, que pode valer de -1 a -3 (sim, negativo, pois os pontos de derrota são "ruins" e o objetivo, para ganhar, é ficar com quantos menos pontos for possível). Note que ser o último a colocar uma carta é diferente de ser o primeiro a colocar todas as cartas da mão na mesa.

É isso. Esse é todo o jogo. Forma-se pirâmides com as cartas, tentando travar as cores que os outros tenham, de forma que os demais fiquem com cartas nas mãos e que você seja o último a colocar uma carta na pirâmide (veja que sequer é preciso baixar todas as cartas da mão para vencer, se, por exemplo, todos ficaram travados, ainda com duas cartas na mãos, eu, se fui o último a colocar carta, mesmo que também tenha 2 cartas na mão, pegarei a carta de vitória, enquanto os outros receberão 2 pontos de derrota). Difícil ser mais simples. Agora, eu esperava um jogo pior, sinceramente. O que eu lera não me dava confiança alguma na qualidade, as acusações de tema colado era mais ríspidas (e completamente verdadeiras) que o usual, e a conclusão normal era que o jogo era extremamente dependente de sorte e que cabia aos participantes fazer o melhor com o que recebiam. O Game of Thrones: Westeros Intrigue tem, sim, influência da sorte - pegue umas 5, 6 cartas da mesma cor e a chance será de que você será logo travado e tomará vários pontos de derrota. Porém achei que a preponderância da sorte muito menor do que a expectativa que eu criara. Há espaço para boas jogadas, até mesmo preparação para próximas jogadas. O principal ponto de ofensa, para mim, fica nas cartas de vitória, pois elas têm valores que vão de -1 a -3, e isso eu não gostei. É possível alguém vencer 2x e pegar duas cartas -1, e alguém, vencendo 1x, pegar a -3. Entendo que isso ocorra para criar uma névoa acerca da pontuação exata de cada um, de forma a propiciar alguma tensão nesse sentido, principalmente para dar esperança aos participantes. Ganha-se por esse lado, mas não é algo que eu tenha apreciado. E esse é único ponto negativo no que tange às mecânicas.

O tema, como eu disse, é uma piada. Não tem relação alguma de algo com qualquer coisa. Daria para ser qualquer coisa - Guerra dos Vegetais, Revolta das Cores, Naipes em Conflito, etc. É completamente possível jogar este jogo com um baralho de cartas normal e papel e caneta para registrar os pontos negativos (as cartas de vitória exigiria o extenso trabalho de marcar vários 1, alguns 2 e um 3 no papel, recortar e dobrar, para fazer papeizinhos como num sorteio de amigo secreto). Seria o livre pensar.

Os componentes são, OK: as cartas são de um tamanho estranho, quadradas, nada boas para achar fácil sleeves, a caixa é enorme para o conteúdo, mas bem feita, e os marcadores de pontos de derrota tem qualidade razoável. O tempo de partida fica em 20-30 minutos.

Assim, o Game of Thrones: Westeros Intrigue é um jogo fácil de ensinar, de aprender e de jogar. Nada lá muito especial - não será o filler preferido, nem um jogo muito requerido, porém sendo bastante neutro, não ofende, e também dificilmente será recusado, considerando a facilidade e rapidez. Recomendado? É... não muito. Love Letter é melhor e custa 10 reais a menos na loja da Galápagos. Mas, claro, são experiências de jogo diferentes, e um não é necessariamente substituto do outro, até porque o Game of Thrones: Westeros Intrigue acomoda até 6 participantes, coisa que o Love Letter não faz. Mesmo assim, a recomendação fica mais no nível de "compre se encontrar usado por vintão".

Por sinal, fizemos uma adaptação do jogo para um outro tema:




E é isso!

Abs,

Crédito das imagens (em ordem):
bryces
tiagovip

Também postado no blogue: http://curitibaludica.com.br/2015/05/13/game-of-thrones-westeros-intrigue-primeiras-impressoes/