Livros Malditos

Olá, pessoas!

Li um livro excelente, intitulado Livros Malditos, do Jacques Bergier. O cara é claramente inteligente e notadamente alucinado e charlatão, o que torna lê-lo particularmente divertido pela pseudo fundamento científico de suas teses. Neste livro a tese é da existência de uma organização secreta, os Homens de Negro, que desde quando civilizações existem, agem para coibir e destruir livros malditos, os quais contam com conhecimentos perigosos para a humanidade ou o status quo. Assim, ele fala de livros, do destino desses e de coisas variadas.

Então, para diversão, seguem alguns trechos:

Quem são os adversários desses livros malditos? Suponhamos a existência de um grupo ao qual chamarei "Homens de Negro". A ideia dessa denominação surgiu-me quando comecei a notar, em todas as conferências pró-Planeta e anti-Planeta, um grupo de homens vestidos de negro, de aspecto sinistro, sempre o mesmo. Penso que esses homens vestidos de negro são tão antigos quanto a civilização; creio que se pode citar entre seus membros o escritor francês Joseph de Maistre e Nicolau II da Rússia.

A tomada de Alexandria foi seguida de pilhagens sucessivas que visavam acabar com os manuscritos de alquimia. E todos os manuscritos encontrados foram destruídos. Eles continham, ao que parece, as chaves essenciais da alquimia que nos faltam para a compreensão dessa ciência, principalmente agora que sabemos que as transmutações metálicas são possíveis.


A hipótese que vou emitir é pessoal. Parece-me, pelo menos, que nunca vi em nenhum lugar e que, igualmente, já li tudo, sobre o manuscrito Voynich. Para mim, Newbold apagou a pista conscientemente, pois teria recebido ameaças. Tinha relações muito estranhas com todos os tipos de seitas. Sabia bastante para entender que certas organizações secretas são realmente perigosas. E estou persuadido que, a partir de 1923, foi ameaçado e, temendo graves represálias, deu um passo para trás. Dissimulou o essencial de seu método, e sua chave principal [para decodificar o manuscrito] nunca foi encontrada.


Hubbard [fundador da Cientologia] escreveu outros livros além do Scientology. Notou pela informação de alguns próximos, algumas lembranças de suas vidas anteriores. Tais lembranças, segundo ele, provinham de uma grande civilização galáctica da qual somos uma colônia perdida. Reuniu essas lembranças num livro chamado Excalibur que deu a ler a alguns voluntários. Estes ficaram loucos e estão, segundo o que sei, internados. Nem a dianetica, nem a psicanálise, nem a cientologia, nem mesmo os medicamentos que se conhece puderam fazer algo por eles.


É realmente bem divertido. É uma viagem forte!

Abs,

Ah, preciso ler isso!

Sobre o Hubbard, ele pegou coisas de vários outros livros e resumiu nisso aí. Sobre as pessoas terem ficado loucas, ele está citando o próprio Hubbard! Quer dizer, não é a fonte mais confiável do mundo:

"By 1957, Hubbard had advertised a "very limited edition" of Excalibur at a price of $1,500 per copy. Hubbard's ad cautions that "four of the first fifteen people who read it went insane". He promised that the work contained "data not to be released during Mr. Hubbard's stay on earth"."

Caramba, preciso reencontrar o Despertar dos Mágicos... mas vai saber onde está...

E aqui uma página do manuscrito Voynich, para saciar os curiosos!

Parece-me claro que nessa essa página fala sobre como tomar banho comunal com água de pinha.

Encontrei "O Despertar dos Mágicos" e dei uma relida por cima. Ele não é tão louco quanto o Livros Malditos, aparentemente, embora tenha sua cota de teorias da conspiração. Três partes: a primeira fala contra o positivismo do século XIX, de como ciências antigas foram esquecidas e só relembradas atualmente (p.e., alquimia = química moderna). Parte 2, a melhor, fala sobre nazistas e das ideias loucas que tinham (de acordo com o autor, mas é bem interessante). Parte 3, parapsicologia - leitura de mentes, coincidências, etc.

O livro é bem enrolado, e cheio de referências vazias (ou nenhuma referência). Grandes matemáticos e grandes charlatões são glorificados igualmente (chequei umas coisas na WIkipedia). Ele também faz associações muito distantes - um livro escrito por uma escritor menor no século XVIII prenunciando algo enorme atual (o que obviamente aconteceria de qualquer forma, essas coincidências são inevitáveis).

O mais importante é que é um livro muito dos anos 60, algo que jamais poderia ser escrito hoje - ele mostra desejos e anseios bem característicos da Guerra Fria.

Mas quero transcrever uma parte que mostra quem é o mestre do Louis Pauwels:

"(...) o maior poeta dos universos paralelos, H.P. Lovecraft, pai daquilo que geralmente a que se chama ficção científica e que nos parece, na realidade, ao nível das dez ou quinze obras-primas do gênero, como a Ilíada e a Odisséia da civilização em marcha."

Como diria um amigo, meu: "Ceeeeeeeeeeer-to."

Engraçado é que tudo é tão absurdo, que se torna auto-refutável. Mas é uma viagem e tanto.

Agora uma coincidência que o Pauwels iria adorar:

Quem me indicou este livro foi um professor de literatura do segundo grau. E eu emprestei para ele um livro do... Lovecraft! Isso muito antes de ler o Despertar dos Mágicos. E ele também não lembrava da referência, nem sabia quem era o Lovecraft.

Aconteceu dele ser despedido da escola, pois era meio zoado. Encontrei ele tempos depois, mas ele não me reconheceu (ou fingiu não me reconhecer), e ele estava com o uniforme de professor do Positivo.

Sábado estou conversando com a Lili e ela comentando que em todo seu tempo dando aulas no Positivo, só uma vez um professor foi despedido de lá, por ser muito zoado. Era um professor de literatura. Preciso dizer qual é?

Viram como as coisas vão se encaixando? Provavelmente neste exato instante, este professor está relendo Lovecraft ou algo assim. Parapsicologia é isso.

P.S. - Tudo que escrevi é verdade. Mas a Lili não me disse o nome do professor expulso. Mas vocês fizeram a associação! É desta maneira que o Pauwels escreve!

Ele cita o Lovecraft umas 3 ou 4x no Livros Malditos, mas sem tanta paixão! Não conhecia esse carinho todo.

E ele continuou dando referências vazias para embasar seu pontos. É a partida mais divertida, por sinal.

Abs,